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Hoje, pedaço meu do agora
Os pássaros me informam o valor da liberdade; as árvores me informam o valor da paciência. A gata me diz para relaxar. Vontade de mudar de casa, vontade de não precisar pagar contas, não ter dúvidas. Vontade maior de não ter vontade, apenas ser, apenas sentir. Deixar o tempo passar, mas tudo é apenas vontade. Consulto o I Ching, o recado é para aceitar a impermanência. O amanhã vem amanhã, hoje quero somente o hoje. O amanhã vem amanhã, hoje quero apenas o hoje, pedaço meu do agora. Hoje faço apenas o hoje, espaço de tempo que ganho de presente, espaço de tempo onde me derramo no aqui e agora.
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
Tudo é novo
Todo dia os problemas acontecem, nem todo dia as soluções aparecem. Um dia seguindo o outro vem ensinar a viver. As folhas, bichos e a terra sabem que todo dia acontece a continuidade inequívoca do passar do tempo. A inesgotável e sucessiva complexidade do tempo, onde tudo acontece onde tudo morre, tudo nasce, tudo é novo.
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
Vida bacana quero sim.
Ouço no rádio propaganda de supermercado, samba, baladas; propaganda de celular, comida chinesa, remédio para gripe e eu queria um remédio para tantas dispersões. Já recebi conselhos para ter sangue de barata, nervos de aço e uma cintura bem fina. Descobri que no máximo consigo chupar cana e assoviar ao mesmo tempo, mas nunca fiz um nó num pingo de água. Não vou comer sapo; e tenho pele, osso, sangue, nervos que são belas fibras que a evolução humana passou séculos para ampliar sua qualidade. Vida bacana quero sim. Ontem Ouvi João Gilberto fiquei bossa nova, bem nova. Hoje preciso de Caetano, "pra ficar odara", quero me sentir vaca profana que vai além de seus limites. Marisa Monte me traz um universo particular, e eu fico a cantarolar: "só vou voltar quando eu me encontrar"; Lenine me diz que "é avassalador, chega sem avisar"; com Legião urbana relembro que “somos tão jovens, tão jovens”.
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
Beira do Rio
Às margens do Velho Chico havia sossego, não chegava a ser um silêncio rigoroso, o vento movia alguma folha ou brisa; a água do rio no seu movimento gerava pequenas partículas de sons, numa imensidão do espaço aberto, no encantamento do correr das águas.
Na beira de um rio tudo é enlameado e tosco. O rio quer chegar ao seu destino, deseja se entregar ao Deus Mar e para cumprir este objetivo ele arrasta o que encontra em seu caminho. Na foz de um rio, cidades se dissolvem, conquistas se embaralham, o rio chega lento e denso. O oceano aceita tudo, recebe material orgânico, bonecas sem cabeça, pedaços de embarcações. o mar se alimenta do rio e suas partículas do mundo.
Por Regina Barbosa
O tempo
Já imaginou como ficaria ruim se o tempo não viesse para dançar com a gente? Já imaginou, tudo parado, inerte, e se não viessem os inquietos movimentos do tempo, brincando com toda a nossa estrutura?
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
Removo entulhos
Faço faxina, removo entulhos que já nem cabem nas gavetas e armários. Descarto boletos, cupons fiscais inúteis; revistas, crachás de eventos e outros impressos que jamais deveria ter guardado. Num tempo passado, com tantos papéis de cores variadas, faria uma linda reciclagem. Já tive muitas idéias românticas, e belo dia aprendi a fazer papel artesanal, ficava horas peneirando as fibras, formando texturas, depois mandava cartões bonitos para os amigos, mas fui perdendo o interesse nesta atividade. Achei uma coleção de tampas de refrigerantes que eu tinha a intenção de fazer objetos de decoração, agora jogo no lixo comum do meu desapego. Já tive coleção de cartões postais, coleção de embalagens de chocolates, diversos vidros de perfumes, um monte de cartões de telefone que foram dispensados em outras faxinas. Fiz muitas coleções. Cada objeto tem sua importância num tempo determinado. Certamente houve utilidade e até emoção a leitura de um texto resenha num segundo caderno que eu guardei. Hoje, com tantas informações digitais, este pedaço de jornal não me diz nada. Preservo alguns ingressos de teatro e de cinema; correspondências com pessoas queridas, coleções que fazem sentido para a minha vida. Seleciono objetos afetivos, procuro um motivo, uma inspiração, necessito de um poço de motivações. Eu já colecionei teimosia, colecionei coragem, sempre tive mais sonhos do que podia caber na vida de uma pessoa. Neste momento celebro a coragem de me desapegar, fazendo uma reinvenção do que sou.
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
Pedaços por Graciliano Ramos
"Só conseguimos deitar no papel os nossos sentimentos, a nossa vida. Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada. As nossas personagens são pedaços de nós mesmos, só podemos expor o que somos. (...) Arte é isso. A técnica é necessária, é claro. Mas se lhe faltar técnica, seja ao menos sinsero. (...) A literatura é uma horrível profissão, em que só podemos principiar tarde; indispensável muita observação. Precocidade em literatura é impossível: isto não é música, não temos gênios de dez anos.
Nesta vida lenta sinto-me coagido entre duas situações contraditórias – uma longa noite, um dia imenso e enervante, favorável à modorra. Frio e calor, trevas densas e claridades ofuscantes. Naquele tempo a escuridão se ia dissipando, vagarosa. Acordei, reuni pedaços de pessoas e de coisas, pedaços de mim mesmo que boiavam no passado confuso, articulei tudo, criei o meu pequeno mundo incongruente. Às vezes as peças se deslocavam -- e produziam estranhas mudanças."
Por Graciliano Ramos
Nesta vida lenta sinto-me coagido entre duas situações contraditórias – uma longa noite, um dia imenso e enervante, favorável à modorra. Frio e calor, trevas densas e claridades ofuscantes. Naquele tempo a escuridão se ia dissipando, vagarosa. Acordei, reuni pedaços de pessoas e de coisas, pedaços de mim mesmo que boiavam no passado confuso, articulei tudo, criei o meu pequeno mundo incongruente. Às vezes as peças se deslocavam -- e produziam estranhas mudanças."
Por Graciliano Ramos
Em busca da primavera
Quero as imagens da estação mais desejada do ano.
A primavera sempre foi anunciada por campos floridos(paisagem Edições Paulinas), me consolo se tiver um pouco de silêncio, e algumas árvores dando guarida para os passarinhos contarem o segredo deste tempo de transição.
Por Regina Barbosa
Curta Canoa 2010
Os filmes "DJ do Agreste" e "Um vestido para Lia" estão na programação do Festival de Curta Metragem de Canoa Quebrada, foram selecionados para a mostra competitiva. Em sua sexta edição, o Festival acontece entre os dias 18 e 25 de setembro de 2010 na praia de Canoa Quebrada, em Aracati/CE.
http://curtacanoa.com.br/programacao
UM VESTIDO PARA LIA AL,
HERMANO FIGUEIREDO E REGINAL BARBOSA
14min PÓLO DE LAZER
O DJ DO AGRESTE, AL
REGINA CÉLIA BARBOSA
19min 48seg,
PÓLO DE LAZER
Por Regina Barbosa
http://curtacanoa.com.br/programacao
UM VESTIDO PARA LIA AL,
HERMANO FIGUEIREDO E REGINAL BARBOSA
14min PÓLO DE LAZER
O DJ DO AGRESTE, AL
REGINA CÉLIA BARBOSA
19min 48seg,
PÓLO DE LAZER
Por Regina Barbosa
Pedalar e ser feliz
Um adulto tem dificuldade de aprender a andar de bicicleta pois não acredita na simplicidade, desconfia que duas rodas não vão gerar estabilidade para lhe manter em equilíbrio. Mas há um bom motivo para se quebrar o medo, este meio de transporte também é um meio de sentir prazer.
Pedalar gera muita energia. O vento bate na cara, o corpo recebe doses generosas de alegria. Com mais velocidade e poucas adversidades no caminho, pode-se esquecer problemas, ansiedades, a respiração fica mais profunda. Eu adoro pedalar e fico feliz, amparada na lei da relatividade.
Por Regina Barbosa
Um dia seguindo o outro decifra enigmas. O tempo passando, a água escorrendo, a pedra caindo... Abro os braços e deixo o próximo capítulo acontecer. Num play constante em busca da saída, vou seguindo o rio... Em todo canto aparecem sinalizações de siga em frente. O mais simples vem antes do mais complicado, e, somente na procura, o mais simples é mais difícil. (Do livro UM OUTRO UM . 2001. Regina Barbosa)
Caminho de mato
Pisando em folhas secas, passo por árvores que me fornecem sombras; troncos servem de escadas.
Caminho, ouso ir mais longe e não me canso.
Noites tropicais
Final da década de 50, Rio de Janeiro, Tom Jobim, João Gilberto e outros inovam com a sonoridade diferente da bossa nova, primeiras impressões do garoto Nelson Motta, morador da Zona Sul carioca sobre este cenário. Década de 60 e 70, Programas de auditórios, Festivais de música, chegada de guitarras eleétricas; muito consumo de drogas e tudo acontecia com Nara Leão, Elis Regina, Jorge Bem, Wilson Simonal, Caetano Veloso, Maria Bethania, Chico Buarque, Gal Costa, Tim Maia, Edu Lobo, Ronald Boscole, Vinicius de Moraes, Carlos Lyra, Dorival Caymi, Roberto Carlos, novos baianos, e tantos outros nomes pulam nestas páginas onde o narrador participou de quase todas as situações, conviveu de perto com quase todos os personagens contados. Década de 80 começo de outras ondas, rock brasileiro, discoteque, new wave, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Lulu Santos, Marisa Monte...
Um livro bem interessante para quem gosta de música brasileira.
Um livro bem interessante para quem gosta de música brasileira.
Não há festa de São João
(...)
nas cidades nordestinas afetadas pelas últimas chuvas, milhares de brasileiros não assistiram ao jogo no conforto de suas casas, pois suas TVs encharcaram de lama, os sofás estavam misturados aos destroços ou boiando nas correntezas dos rios. Na maioria das cidades atingidas não havia luz elétrica e muitos não podiam se deslocar, pois diversas estradas estavam interditadas. Há relatos de pessoas que andaram bastante em busca de notícias do jogo do Brasil, penso que o velho radinho de pilha deve ter sido uma relíquia bem disputada.
Quarta-feira, 23.junho.2010, não fosse a tragédia, nesta manhã nos lares as atividades de descascar milho, ralar coco para a pamonha e canjica seriam ordens do dia. Numa dessas ruas que hoje imperam os destroços, talvez houvesse uma mulher andando de forma distraída com uma panela que pegou emprestado da vizinha.
Seria muito bom se estas pessoas pudessem agora ter preocupações como arranjar uma panela grande para cozinhar o milho; papeis coloridos para as bandeirinhas, contratação de sanfoneiros, mas estão desoladas em busca de solução para a casa que caiu, a falta do que comer, a falta de eletricidade e água potável. Ainda tem os que tentam achar familiares desaparecidos e, mais triste ainda para quem já tem certezas de parentes e amigos mortos.
As pacatas cidades de interior da minha Alagoas tem um clima de poesia. Na minha memória lembro de ruas que terminam numa igreja, casinhas de coloridos singelos, mulheres nas calçadas, crianças brincando, árvores generosas que abrigam cachorros preguiçosos e homens jogando.
(...)
Estou longe de minha terra, sinto um rio de emoções, rio caudaloso que leva meu pensamento longe, tentando entender as perdas e os significados desse momento.
Por Regina Barbosa
nas cidades nordestinas afetadas pelas últimas chuvas, milhares de brasileiros não assistiram ao jogo no conforto de suas casas, pois suas TVs encharcaram de lama, os sofás estavam misturados aos destroços ou boiando nas correntezas dos rios. Na maioria das cidades atingidas não havia luz elétrica e muitos não podiam se deslocar, pois diversas estradas estavam interditadas. Há relatos de pessoas que andaram bastante em busca de notícias do jogo do Brasil, penso que o velho radinho de pilha deve ter sido uma relíquia bem disputada.
Quarta-feira, 23.junho.2010, não fosse a tragédia, nesta manhã nos lares as atividades de descascar milho, ralar coco para a pamonha e canjica seriam ordens do dia. Numa dessas ruas que hoje imperam os destroços, talvez houvesse uma mulher andando de forma distraída com uma panela que pegou emprestado da vizinha.
Seria muito bom se estas pessoas pudessem agora ter preocupações como arranjar uma panela grande para cozinhar o milho; papeis coloridos para as bandeirinhas, contratação de sanfoneiros, mas estão desoladas em busca de solução para a casa que caiu, a falta do que comer, a falta de eletricidade e água potável. Ainda tem os que tentam achar familiares desaparecidos e, mais triste ainda para quem já tem certezas de parentes e amigos mortos.
As pacatas cidades de interior da minha Alagoas tem um clima de poesia. Na minha memória lembro de ruas que terminam numa igreja, casinhas de coloridos singelos, mulheres nas calçadas, crianças brincando, árvores generosas que abrigam cachorros preguiçosos e homens jogando.
(...)
Estou longe de minha terra, sinto um rio de emoções, rio caudaloso que leva meu pensamento longe, tentando entender as perdas e os significados desse momento.
Por Regina Barbosa
Lançamento - LIA
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UM VESTIDO PARA LIA, curta-metragem de 14 minutos, minha estréia no campo da ficção audiovisual, numa direção conjunta com o meu parceiro Hermano Figueiredo.
Filmado em Marechal Deodoro/AL, o curta lança um olhar sobre a cultura popular alagoana. Além de veteranos como (Diva Gonçalves, Ane Oliva, Bete Miranda e Naeliton Santos), o filme marca a estréia da jovem atriz Fabrícia Avelino no papel da protagonista Lia.
O roteiro foi adaptado do meu livro infanto-juvenil de mesmo título, e foi premiado no edital Curta Criança 2008. Produzido pela Ideário e pós-produzido no Rio de Janeiro, será veiculado na TV Brasil ainda este ano.
A pré-estréia do filme foi realizada de forma muito especial, durante o evento do projeto de cinema itinerante "Acenda uma Vela", na Massagueira, local onde foi filmado, tendo como tela a vela de uma embarcação. O evento de lançamento em Maceió foi no Cine Sesi Pajuçara, no dia 15 de março de 2010, com bate-papo com a equipe do filme.
Mais informações no site: ideario.gov.br
Filmado em Marechal Deodoro/AL, o curta lança um olhar sobre a cultura popular alagoana. Além de veteranos como (Diva Gonçalves, Ane Oliva, Bete Miranda e Naeliton Santos), o filme marca a estréia da jovem atriz Fabrícia Avelino no papel da protagonista Lia.
O roteiro foi adaptado do meu livro infanto-juvenil de mesmo título, e foi premiado no edital Curta Criança 2008. Produzido pela Ideário e pós-produzido no Rio de Janeiro, será veiculado na TV Brasil ainda este ano.
A pré-estréia do filme foi realizada de forma muito especial, durante o evento do projeto de cinema itinerante "Acenda uma Vela", na Massagueira, local onde foi filmado, tendo como tela a vela de uma embarcação. O evento de lançamento em Maceió foi no Cine Sesi Pajuçara, no dia 15 de março de 2010, com bate-papo com a equipe do filme.
Mais informações no site: ideario.gov.br
Fotografias: Nataska Conrado e Amanda Nascimento
Quase tudo, quase nada
Eu tenho quase tudo
Eu tenho quase nada
Não sei cantar
Não sei desenhar
Sei me debruçar no instante
Eu tenho quase nada
Não sei cantar
Não sei desenhar
Sei me debruçar no instante
Chuvas de Abril
A tragédia foi causada pelo excesso de água num solo de cimento,
lixo e falta de planejamento para abrigar as diversas populações.
Agradeci as forças divinas por ter um lugar aconchegante para me abrigar.
O Rio de Janeiro é a cidade que mais reflete a desigualdade social do país. Há lugares de ricos muitos ricos, perto ou longe de gente pobre muito pobre.
A cidade é linda, muito linda; a cidade é feia muito feia. A cidade é bem distinta para cada gente.
Assisti chocada aos noticiários da TV, mostrando as vias interditadas,
as casas e morros desmoronando. As chuvas em excesso que caíram nestes dias de abril, na cidade do Rio de Janeiro, geraram transtornos para todas as pessoas, mas certamente que tornou ainda mais difícil a vida de quem mora nas ruas, de quem mora em morros como o de Niterói que foi implantado sobre um lixão desativado. Há diversas tragédias numa mesma tragédia.
Por Regina Barbosa
lixo e falta de planejamento para abrigar as diversas populações.
Agradeci as forças divinas por ter um lugar aconchegante para me abrigar.
O Rio de Janeiro é a cidade que mais reflete a desigualdade social do país. Há lugares de ricos muitos ricos, perto ou longe de gente pobre muito pobre.
A cidade é linda, muito linda; a cidade é feia muito feia. A cidade é bem distinta para cada gente.
Assisti chocada aos noticiários da TV, mostrando as vias interditadas,
as casas e morros desmoronando. As chuvas em excesso que caíram nestes dias de abril, na cidade do Rio de Janeiro, geraram transtornos para todas as pessoas, mas certamente que tornou ainda mais difícil a vida de quem mora nas ruas, de quem mora em morros como o de Niterói que foi implantado sobre um lixão desativado. Há diversas tragédias numa mesma tragédia.
Por Regina Barbosa
Fazendo Filme
O cotidiano pede documentário
Faço filmes de ficção
Conto histórias da cozinha e do sofá
Observo o cenário de cada esquina
Na vida faço cinema
Minhas pernas, meu traiveling
A sonoplastia nem sempre escolho
Meus olhos são lentes ousadas
Estou produzindo filmes
Mas falta aventura
Não gosto de suspense
Vivo dramas banais
O roteiro acontece diferente do previsto
O resultado é pouco comercial
Estou na vida filmando
O filme de cada instante
Faço filmes de ficção
Conto histórias da cozinha e do sofá
Observo o cenário de cada esquina
Na vida faço cinema
Minhas pernas, meu traiveling
A sonoplastia nem sempre escolho
Meus olhos são lentes ousadas
Estou produzindo filmes
Mas falta aventura
Não gosto de suspense
Vivo dramas banais
O roteiro acontece diferente do previsto
O resultado é pouco comercial
Estou na vida filmando
O filme de cada instante
Filmando Lia
Lia é filha da costureira e deseja muito um vestido novo para a festa, mas sua mãe está muito ocupada para fazer. A menina insiste de todas as formas para ter o vestido. Esta é a história do curta-metragem de 14 minutos Um vestido para Lia.
A produção foi uma trabalheira danada. O set de filmagens foi em Marechal Deodoro/AL, as margens da Lagoa Manguaba, vivemos toda a equipe, por alguns dias, de forma intensa todas as pressões, instigações, dificuldades e alegrias de filmar e dar conta de contar história e contornar todos os problemas que foram aparecendo. O bom é que o lugar é paradisiaco, a comunidade muito receptiva, e a equipe bem instigada e colaborativa.
A produção foi uma trabalheira danada. O set de filmagens foi em Marechal Deodoro/AL, as margens da Lagoa Manguaba, vivemos toda a equipe, por alguns dias, de forma intensa todas as pressões, instigações, dificuldades e alegrias de filmar e dar conta de contar história e contornar todos os problemas que foram aparecendo. O bom é que o lugar é paradisiaco, a comunidade muito receptiva, e a equipe bem instigada e colaborativa.
O filme "Dj do Agreste" premiado
A 9ª Goiânia Mostra Curtas me passou o resultado da
premiação do festival. O filme DJ do Agreste recebeu o prêmio de melhor filme na Curta Mostra Brasil pelo júri popular.
Segue abaixo comentário de Ceiça Ferreira que fez um comentário sobre o filme e estava no festival.
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Esse documentário retrata a história de Paulo Lourenço, alagoano de
Arapiraca que ao migrar para São Paulo tem sua vida transformada pela
música, e ao voltar para a cidade natal cria um bar, o “Bar do Paulo”,
um famoso ponto de encontro de artistas, estudiosos, e qualquer pessoa
que se interessasse por música de qualidade, principalmente jazz e
blues.
Mas Paulo é mais do que apenas um apaixonado por música, é um
educador, ele repassa de forma voluntária aos freqüentadores de seu
bar e à comunidade sua formação musical, o que nos faz ver esse homem
simples e ao mesmo tempo moderno como o que diz uma música de fundo no
filme, como um “cavaleiro solitário”, que apesar das dificuldades
financeiras, se orgulha de compartilhar com os outros o que sabe; de
cultivar nessas pessoas o interesse pelas artes, seja a música, o
cinema ou a literatura; de nos fazer acreditar que a vida pode ser
muito mais do que ela é. (Ceiça Ferreira)
premiação do festival. O filme DJ do Agreste recebeu o prêmio de melhor filme na Curta Mostra Brasil pelo júri popular.
Segue abaixo comentário de Ceiça Ferreira que fez um comentário sobre o filme e estava no festival.
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Esse documentário retrata a história de Paulo Lourenço, alagoano de
Arapiraca que ao migrar para São Paulo tem sua vida transformada pela
música, e ao voltar para a cidade natal cria um bar, o “Bar do Paulo”,
um famoso ponto de encontro de artistas, estudiosos, e qualquer pessoa
que se interessasse por música de qualidade, principalmente jazz e
blues.
Mas Paulo é mais do que apenas um apaixonado por música, é um
educador, ele repassa de forma voluntária aos freqüentadores de seu
bar e à comunidade sua formação musical, o que nos faz ver esse homem
simples e ao mesmo tempo moderno como o que diz uma música de fundo no
filme, como um “cavaleiro solitário”, que apesar das dificuldades
financeiras, se orgulha de compartilhar com os outros o que sabe; de
cultivar nessas pessoas o interesse pelas artes, seja a música, o
cinema ou a literatura; de nos fazer acreditar que a vida pode ser
muito mais do que ela é. (Ceiça Ferreira)
Aquários
Pressa de sair
Coloco comida no aquário
Peixe fisga a comida
Esqueço a pressa
O instante se amplia
Vontade de ficar.
Neste aquário tem poesia.
Por Regina Célia Barbosa
Coloco comida no aquário
Peixe fisga a comida
Esqueço a pressa
O instante se amplia
Vontade de ficar.
Neste aquário tem poesia.
Por Regina Célia Barbosa
Na beira do mar
Coqueiro gosta de se balançar
Mas depende do vento para dançar
Coqueiro está solto no céu e bem fixo no chão
Ouriço na areia da praia espera a vítima
tomando banho de sol, água e sal
Por Regina Barbosa
Mas depende do vento para dançar
Coqueiro está solto no céu e bem fixo no chão
Ouriço na areia da praia espera a vítima
tomando banho de sol, água e sal
Por Regina Barbosa
Cenas urbanas
Banca de revista vende noticias, fofocas e tragédias
Na esquina homens jogam baralho, mulheres esperam o ônibus
Por Regina Barbosa
Na esquina homens jogam baralho, mulheres esperam o ônibus
Por Regina Barbosa
Perguntas
Onde começa o universo?
Qual o mistério da criação?
Não preciso de certezas, mas vivo perguntando
Por onde entra o céu? Por onde sai o céu?
Por Regina Barbosa
Qual o mistério da criação?
Não preciso de certezas, mas vivo perguntando
Por onde entra o céu? Por onde sai o céu?
Por Regina Barbosa
O tempo passa
O tempo passa, a ferrugem aumenta,
a pele envelhece, a fala emudece
Todo dia, os problemas acontecem
todos os dias, as soluções aparecem
Já não quero contabilizar desencantos
Um dia seguindo o outro vem ensinar a viver
Por Regina Barbosa
a pele envelhece, a fala emudece
Todo dia, os problemas acontecem
todos os dias, as soluções aparecem
Já não quero contabilizar desencantos
Um dia seguindo o outro vem ensinar a viver
Por Regina Barbosa
Deitar minha pele
Quero deitar minha pele no seu peito, afogar meu cansaço
Reclamar da vida, do preço da comida, chamar para a lavar os pratos
Vou me queixar do mundo do trabalho, das tarefas medonhas
Quero nem ter o que reclamar, ficar ao seu lado
Quero nem ter cansaço, ficar ao seu lado
Descobrir o mundo, ir longe avistar pistas e portos
Por Regina Barbosa
Reclamar da vida, do preço da comida, chamar para a lavar os pratos
Vou me queixar do mundo do trabalho, das tarefas medonhas
Quero nem ter o que reclamar, ficar ao seu lado
Quero nem ter cansaço, ficar ao seu lado
Descobrir o mundo, ir longe avistar pistas e portos
Por Regina Barbosa
Barulhos
Na rua tem o peso dos carros pesados
Mas nem ouço o lamento do asfalto
Buzinas de ambulâncias ou de polícia
Olho garotas distantes
Meninas arranham o sinal
Carros apressados escapam
Assisto este mundo partido
Por Regina Barbosa
Mas nem ouço o lamento do asfalto
Buzinas de ambulâncias ou de polícia
Olho garotas distantes
Meninas arranham o sinal
Carros apressados escapam
Assisto este mundo partido
Por Regina Barbosa
Mesa Posta
Tudo no lugar certo
A cadeira no lugar dela
uma prateleira
e também a geladeira
Todas as peças no lugar
Comida pronta
Cores e cheiros
Momento de nem pensar
Boca, saliva
Em desejos primários
A mesa posta
Pratos, talheres, poncheira
Na mesa há lugar
A cadeira na posição certa
Falta apenas sentar
A cadeira no lugar dela
uma prateleira
e também a geladeira
Todas as peças no lugar
Comida pronta
Cores e cheiros
Momento de nem pensar
Boca, saliva
Em desejos primários
A mesa posta
Pratos, talheres, poncheira
Na mesa há lugar
A cadeira na posição certa
Falta apenas sentar
Cidade longe
Preciso olhar a cidade de longe
Observar uma parte distante
ficar longe, Longe, Bem longe
A cidade vista de longe
Maquete indefesa
Refúgio de incertezas.
Por Regina Célia Barbosa
Observar uma parte distante
ficar longe, Longe, Bem longe
A cidade vista de longe
Maquete indefesa
Refúgio de incertezas.
Por Regina Célia Barbosa
Silhueta
Uma
Mulher
Passou
Por
Cima
Do
Viaduto
Apenas
A silhueta
Existiu
Na
Contra-luz.
Por pouco
Tempo
A mulher
Era
Um
Desenho
Por Regina Célia Barbosa
Mulher
Passou
Por
Cima
Do
Viaduto
Apenas
A silhueta
Existiu
Na
Contra-luz.
Por pouco
Tempo
A mulher
Era
Um
Desenho
Por Regina Célia Barbosa
fogo de vela
A chama da vela revela
a face suave do fogo
A vela é fogo,
Mas não abre labaredas
O resto de cera
Fica espalhado no pires
a face suave do fogo
A vela é fogo,
Mas não abre labaredas
O resto de cera
Fica espalhado no pires
Rio
Na foz do rio
cidades se dissolvem
conquistas se embaralham
O oceano aceita tudo
Recebe material orgãnico
plasticos e sensações se misturam
cidades se dissolvem
conquistas se embaralham
O oceano aceita tudo
Recebe material orgãnico
plasticos e sensações se misturam
Manhã
A manhã chega
No Sol que invade a sala.
Cada passarinho avisa
os segredos da manhã e da recriação.
Cada pedaço de cheiro é suave
Cada canto do chão tem mansidão.
Na manhã que invade a casa
Refaço um pedaço da vida.
No Sol que invade a sala.
Cada passarinho avisa
os segredos da manhã e da recriação.
Cada pedaço de cheiro é suave
Cada canto do chão tem mansidão.
Na manhã que invade a casa
Refaço um pedaço da vida.
De novo, ano novo
O tempo corre veloz
De novo, vem ai, ano novo.
Roupa branca, calendário novo
Mensagens por celular
Cartões virtuais, peru, lentilhas
Mesa farta na ceia de natal.
Ano novo, vida nova?
De novo o tempo será veloz
Os dias e noites a passarem
Meses e meses até de novo, ano novo.
De novo, vem ai, ano novo.
Roupa branca, calendário novo
Mensagens por celular
Cartões virtuais, peru, lentilhas
Mesa farta na ceia de natal.
Ano novo, vida nova?
De novo o tempo será veloz
Os dias e noites a passarem
Meses e meses até de novo, ano novo.
Noite
Noite correndo no barulho dos carros
Noite entrando no barulho dos carros
Noite ficando no escuro do quarto
Noite finda no calor do quarto
Noite entrando no barulho dos carros
Noite ficando no escuro do quarto
Noite finda no calor do quarto
Coisa inteira
Estou postando este poema de Guimarães Rosa que considero uma oração...
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Só o que eu quis, todo o tempo,
o que eu pelejei para achar
era uma só coisa - a inteira -
cujo significado e vislumbrado dela
eu vejo que sempre tive.
A que era: que existe uma receita,
a norma dum caminho certo, estreito,
de cada uma pessoa viver
- e essa pauta cada um tem -
mas a gente mesmo, no comum,
não sabe encontrar,
como é que, sozinho, por si,
alguém ia poder encontrar e saber?
Mas, esse norteado, tem.
Tem que ter.
Se não, a vida de todos
ficava sendo sempre o confuso dessa doideira
que é.
(Guimarães Rosa)
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Só o que eu quis, todo o tempo,
o que eu pelejei para achar
era uma só coisa - a inteira -
cujo significado e vislumbrado dela
eu vejo que sempre tive.
A que era: que existe uma receita,
a norma dum caminho certo, estreito,
de cada uma pessoa viver
- e essa pauta cada um tem -
mas a gente mesmo, no comum,
não sabe encontrar,
como é que, sozinho, por si,
alguém ia poder encontrar e saber?
Mas, esse norteado, tem.
Tem que ter.
Se não, a vida de todos
ficava sendo sempre o confuso dessa doideira
que é.
(Guimarães Rosa)
Cinema nas jangadas
Num final de tarde neste verão, acompanhando
o cinema em velas de jangada de Hermano Figuereiredo.
Experiência muito, muito.
Mas havia um outro cinema bem interessante,
o cenário fantástico das praias de Maragogi...
Mas havia um outro cinema bem interessante,
o cenário fantástico das praias de Maragogi...
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Nem quero saber
Hoje eu quero dormir sem o tic da tac do relógio
Amanhã eu quero ficar sem celular para me chatear
Vou numa praia distante, vou fugir das multidões.
Amanhã eu quero observar o meu passo.
Eu vou dar uma chance para minha suavidade.
Amanhã eu quero ficar sem celular para me chatear
Vou numa praia distante, vou fugir das multidões.
Amanhã eu quero observar o meu passo.
Eu vou dar uma chance para minha suavidade.
O tempo passa
Um dia passa
Outro dia vem
e manda o dia de ontem
passear de trem
(Livro - Ararinha Azul - 1993)
Outro dia vem
e manda o dia de ontem
passear de trem
(Livro - Ararinha Azul - 1993)
minha terra tem coqueirais
Minha terra tem coqueirais,
onde meus olhares ficam molhados de tanto mar...
Lavadeiras
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seus ofícios. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pago uma só gota. Somente de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavadana corda ou no varal, para secar. Pois que se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. "
Por Graciliano Ramos (em entrevista em 1948).
Em Piaçabuçu, na beira do Rio São Francisco, as lavadeiras lavam roupas, eu lavo a minha alma...
Por Graciliano Ramos (em entrevista em 1948).
Em Piaçabuçu, na beira do Rio São Francisco, as lavadeiras lavam roupas, eu lavo a minha alma...
Não quero pressa
No sossego de um bucólico domingo, o auto-falante da igreja cantava Ave Maria, eu sentada na beira da lagoa fiz uma prece, pedindo a Deus sossego e vida mansa.
No dia seguinte, o cotidiano fez a orientação: Não tenha calma, prossiga; preencha o mundo com seu trabalho, ganhe sustento e assento.
Vontade de dormir até mais tarde, vontade de dizer ao mundo: eu não quero a sua pressa.
Mas o telefone toca avisando: Prossiga, corra, abrace a pressa do dia.
No dia seguinte, o cotidiano fez a orientação: Não tenha calma, prossiga; preencha o mundo com seu trabalho, ganhe sustento e assento.
Vontade de dormir até mais tarde, vontade de dizer ao mundo: eu não quero a sua pressa.
Mas o telefone toca avisando: Prossiga, corra, abrace a pressa do dia.
Processo de criação
As idéias podem ser consequências de algum estímulo externo; mas as motivações externas não seguram duas linhas. É preciso ir lá no fundo do poço interior. Depois as respostas interiores já não resolvem e ainda é preciso buscar mais e pesquisar.
Depois moldar, juntar, unir pedaços de palavras e frases. Reutilizar pedaços de textos que muitas vezes descartei, aproveito, refaço.
É um desafio que me gera energia, pela vontade de acertar. É como resolver equações de difícil resolução. Onde se faz e refaz várias vezes a mesma tarefa. Onde as respostas mais fáceis, podem ser as mais perfeitas. No entanto, as respostas fáceis, podem ser enganosas. O mundo da escrita é o mundo onde o certo e o errado é muito relativo, mas certamente é o mundo de uma beleza subjetiva, onde cada pessoa deve aprender a enxergar o caminho.
Depois moldar, juntar, unir pedaços de palavras e frases. Reutilizar pedaços de textos que muitas vezes descartei, aproveito, refaço.
É um desafio que me gera energia, pela vontade de acertar. É como resolver equações de difícil resolução. Onde se faz e refaz várias vezes a mesma tarefa. Onde as respostas mais fáceis, podem ser as mais perfeitas. No entanto, as respostas fáceis, podem ser enganosas. O mundo da escrita é o mundo onde o certo e o errado é muito relativo, mas certamente é o mundo de uma beleza subjetiva, onde cada pessoa deve aprender a enxergar o caminho.
Um outro um
Queria aprender a não fazer e viver a inutilidade de ser: sumir, saltar muros, sair de mim. Solteira na vida, moleque no agir, poeta no sentir... Quase nada disso é isso. Pensei, procurei, trabalhei, comi, caminhei e dormi. No dia seguinte estou eu aqui de novo, relendo os mesmos textos que já escrevi e reli trezentas mil vezes... E se pudesse escolher, seria pela utilidade das árvores, onde as nervuras das folhas, células do tronco, as coifas e demais partes, têm sentido e distribuem proteção... deixo o tempo levar adiante o que for importante, e fico sorrindo com tudo isso, pois a felicidade tem uma utilidade bem interessante, traz mais responsabilidade que a tristeza. O vizinho do lado pede a receita, a vizinha do primeiro andar faz fofoca sobre o assunto.
(Do livro UM OUTRO UM, Ed Escrituras, SP, 2001)
(Do livro UM OUTRO UM, Ed Escrituras, SP, 2001)
Excesso e ausência
O que será que amo em você: o excesso de sonhos ou o pouco juízo? Pode ser a voz rouca, a mente ágil! A insensatez constante num peito aberto. O que será que amo em você, se quando está perto é excesso. Quando você está longe tem a ausência do excesso. O melhor de tudo é o o cheiro de estrada na sua chegada.
Deus
Somente me entreguei a certeza da existência divina, ao sentir Deus onde havia silêncio. O destino de cada unidade é a imensidão.
A ladeira
Passei a infância numa cidade do interior do Nordeste. Morava numa rua que terminava bem perto de uma ladeira. Para subir a ladeira, todos os dias, inclinava o corpo e ficava fascinada com o ângulo que se formava entre o meu corpo e a ladeira... Eu gostava de subir a ladeira bem depressa para chegar mais depressa que outras pessoas e ficava ofegante e ficava contente em ter aquela ladeira para escalar.
o tempo
O tempo, já imaginou, como ficaria ruim se o tempo não viesse para dançar com a gente? Já imaginou, tudo parado, inerte, e se não viessem os inquietos movimentos do tempo, brincando com toda a nossa estrutura?
(Da brochura PARAFUSOS, Recife/PE, 1986)
(Da brochura PARAFUSOS, Recife/PE, 1986)
pedaço de mato
Quem tornou o Domingo o dia mais longo da semana? Folhas e frutas no supermercado é visual agradável. Manjericão no macarrão é gosto bom de comer. Na varanda, pássaros de madeira diminuem a saudade dum pedaço de mato. Prefiro as flores do campo que são distraidas.
acaso
Foi por acaso, o instante calada; o instante do grito é apenas um hiato até se contruir a expressão que vai ser dita, redita, alastrando-se de forma plural.
alvoroço
um pedaço de carne gera no meu mundo tanto alvoroço. Alimento e tormento, velhos conflitos sobre a mortança de rebanhos. Um gato pede a comida que ainda estou a lamber... Outro gato me lambe os dedos do pé. Eita mundo misturado.
Um outro
O cosmo é um papo muito largo, cabem muitas palavras ... Entrei num celeiro de idéias e faço um alargamento intencionalmente inexato. A incongruência dos fatos reeduca o muito educado... Já faz muito tempo que a terra se prepara para partir, mas o sol não deu permissão para sair de sua tutela.
(Do livro UM OUTRO UM . 2001)
(Do livro UM OUTRO UM . 2001)
Um outro
Um dia seguindo o outro vem como sanativo, decifrar enigmas. O tempo passando, a água escorrendo, a pedra caindo e o tiro seco no ar têm um percurso a seguir... Abro os braços e deixo que o próximo capítulo aconteça. Num play constante em busca da saída, vou seguindo o rio... Em todo canto aparecem sinalizações de siga em frente. O mais simples vem antes do mais complicado e, somente na procura, o mais simples é mais difícil.
(Do livro UM OUTRO UM . 2001)
(Do livro UM OUTRO UM . 2001)
Quando Nietzche chorou
Ganhei no meu aniversário o livro: "Quando Nietzche chorou", do autor norte americano, Irvin D. Yalom. Nos primeiros dias devorei frases, páginas, conceitos; depois achei um tanto indigesto, passou uma fase que ficou banal e completei a leitura com a certeza de que é uma boa obra literária pelo paralelo que faz entre a vida de personalidades como: Nietzche, Freud, Lou Salomé e Breuer. Este útlimo é menos conhecido (mas foi o pai da psicanálise). Personagem principal da trama, Dr Breuer, um médico bem sucedido; vive o drama de um quarentão atormentado pela voracidade da idade e pela falta de liberdade da vida burguesa; ele encara a missão de tratar Nietzche que tem a mania de vencer a banalidade, a bestialidade humana, se ausentando da convivência social e vive com insurpotáveis dores de cabeça. A personagem mais encantadora é Lou Salomé pela sua liberdade transgressora aos padrões da época. Freud é apenas um estudante e tem uma participação menor na história; mas ajuda ao seu mestre, Dr Breuer a montar o quebra cabeça das descobertas no nascimento da psicanálise. Parqa quem gosta desse emaranhado de idéias, vale a pena essa leitura.
Este instante
Estou apenas sabendo do instante em que olho a parede branca.
A rugosidade da pintura faz alguma distração no meu campo de visão.
Estou apenas aqui diante do nada.
Me atiro ao próximo instante, levando ar aos pulmões e necssito apenas disso para sentir este instante.
A rugosidade da pintura faz alguma distração no meu campo de visão.
Estou apenas aqui diante do nada.
Me atiro ao próximo instante, levando ar aos pulmões e necssito apenas disso para sentir este instante.
Este novo blog
Estou numa nova tentativa de blogagem; vou juntar meus pedaços de escritas, realizações, inquietações por aqui.
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