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Um outro um

Queria aprender a não fazer e viver a inutilidade de ser: sumir, saltar muros, sair de mim. Solteira na vida, moleque no agir, poeta no sentir... Quase nada disso é isso. Pensei, procurei, trabalhei, comi, caminhei e dormi. No dia seguinte estou eu aqui de novo, relendo os mesmos textos que já escrevi e reli trezentas mil vezes... E se pudesse escolher, seria pela utilidade das árvores, onde as nervuras das folhas, células do tronco, as coifas e demais partes, têm sentido e distribuem proteção... deixo o tempo levar adiante o que for importante, e fico sorrindo com tudo isso, pois a felicidade tem uma utilidade bem interessante, traz mais responsabilidade que a tristeza. O vizinho do lado pede a receita, a vizinha do primeiro andar faz fofoca sobre o assunto.
(Do livro UM OUTRO UM, Ed Escrituras, SP, 2001)

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