Faço faxina, removo entulhos que já nem cabem nas gavetas e armários. Descarto boletos, cupons fiscais inúteis; revistas, crachás de eventos e outros impressos que jamais deveria ter guardado. Num tempo passado, com tantos papéis de cores variadas, faria uma linda reciclagem. Já tive muitas idéias românticas, e belo dia aprendi a fazer papel artesanal, ficava horas peneirando as fibras, formando texturas, depois mandava cartões bonitos para os amigos, mas fui perdendo o interesse nesta atividade. Achei uma coleção de tampas de refrigerantes que eu tinha a intenção de fazer objetos de decoração, agora jogo no lixo comum do meu desapego. Já tive coleção de cartões postais, coleção de embalagens de chocolates, diversos vidros de perfumes, um monte de cartões de telefone que foram dispensados em outras faxinas. Fiz muitas coleções. Cada objeto tem sua importância num tempo determinado. Certamente houve utilidade e até emoção a leitura de um texto resenha num segundo caderno que eu guardei. Hoje, com tantas informações digitais, este pedaço de jornal não me diz nada. Preservo alguns ingressos de teatro e de cinema; correspondências com pessoas queridas, coleções que fazem sentido para a minha vida. Seleciono objetos afetivos, procuro um motivo, uma inspiração, necessito de um poço de motivações. Eu já colecionei teimosia, colecionei coragem, sempre tive mais sonhos do que podia caber na vida de uma pessoa. Neste momento celebro a coragem de me desapegar, fazendo uma reinvenção do que sou.
Por Regina Barbosa
Por Regina Barbosa
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