"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seus ofícios. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pago uma só gota. Somente de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavadana corda ou no varal, para secar. Pois que se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. "
Por Graciliano Ramos (em entrevista em 1948).
Em Piaçabuçu, na beira do Rio São Francisco, as lavadeiras lavam roupas, eu lavo a minha alma...
Um comentário:
Oi Regina! Quanto tempo...
Passei por aqui e gostei. Ainda quero muito ler teus textos, não esqueci.
Poderia atualizar mais, ganharia uma visitante assídua :)
beijo grande
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